segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

gêmeos
meus desenhos são geralmente cheios de cores, de alegria. uso muitas cores. mas aqui usei as cores e as formas como que para identificar figuras gêmeas, usando amarelos, vermelhos e marrons para acentuar o caráter dramático desse momento de expressão das personagens. gêmeos idênticos são figuras fisicamente parecidas mas muito diferentes, muitas vezes opostas ou complementares em suas personalidades. eles vivem uma vida inteira (ou parte dela) juntas uma ao lado da outra. alguns especialistas afirmam que a pior perda não é a de um filho, mas sim de um irmão gêmeo.
desenhos de guache talens e lápis caran d'ache sobre papel canson francês.
11 de abril quinto e 13 de abril de 2003 terceiro desenho.

domingo, 23 de dezembro de 2007

diário: solidão
acordo as quatro. saio de um sonho estranho onde ajudei uma amiga a achar seu par. fiquei sòzinho como acordei. casa vazia, com azia. me mexia prá-lá-e-prá-cá, nú. levanto e bebo um jarro d'água, vou ao chuveiro. acho os gráus que meu corpo adora. experimento uma felicidade infinita nessa cachoeira quente. sou feliz: aceito a vida que tenho, os filmes que gosto caem do céu, os sonhos se realizam e os presentes que ganho quero dar para as pessoas que amo, de tão bons. visto uma roupa de domingo, saio felizardo. a rua está nua. estranho. olho o relógio e a bússola. são seis, estou indo para o sul. perdi o rumo:
não estou em paris.
pintura: tinta acrílica sobre tela, "saudade dos detalhes da pintura", 70x60 cm.

sábado, 22 de dezembro de 2007

dramático sem ser trágico

Vincent Van Gogh, girassóis, 1888, óleo sobre tela, 92x173cm, national galery, londres.
"vale a pena entrar um pouco mais detalhadamente na questão da cor - porque, também em termos de expressividade, a cor formula os conteúdos através de relacionamentos espaciais.। nas artes plásticas, a cor constitui um dos elementos básicos da linguagem (ao lado de outros elementos visuais: linhas, superfícies, volumes, luz, isto é, contrastes de claro/escuro). nunca se trata porém, de uma cor isolada e sim de relações colorísticas. na imagem, a elaboração formal das cores se dá através de determinadas relações (cuja escolha pelo artista é sempre intuitiva), que permite configurar determinadas modalidades de espaço (linear, plano, profundo, vibratório, ou outras), estabelecendo combinações variadas de dimensões espaciais - de espaço/tempo. Esta especialidade, por sua vez, irá corresponder a determinadas visões do mundo e estados de ser. Assim as cores se tornam expressivas através de seus relacionamentos espaciais, através de movimentos formais, distanciamentos e proximidades que são articulados dentro da relação colorística. Por exemplo vejamos a pintura de Van Gogh, de um vaso com girassóis. porque o conteúdo expressivo deste quadro seria dramático? afinal, o tema, em si, nada tem de dramático: são simples flores. além do ritmo agitado das pinceladas, temos que ver as cores. e como van gogh usou as cores? entre as várias relações, ele escolheu a de cores complementares (as outras relações sendo: tonalidades, cores primárias-secundárias, cores quentes-frias); de fato, é a relação que permite estabelecer os contrastes máximos, de atração e tensão, enaltecendo sempre o caráter sensual das cores. Nesta relação, van gogh cria grandes tensões espaciais, tensões quase que insuportáveis, ao afastar os grupos de cores encaminhá-los para distanciamentos extraordinários antes de finalmente reunir as cores de novo (reunir, quer dizer, neste caso, complementar as cores na totalidade da luz, fechando a relação). daí o caráter dramático da imagem, a partir de um tema tão inocente. mas evidentemente, havia toda uma visão interior em van gogh, de terríveis conflitos, e também (o que não deve ser esquecido), de sublimação, que ele queria, precisava expressar। o tema das flores era apenas um pretexto, ou digamos, um trampolim, para configurar o conteúdo expressivo."
página 198, de "acasos e criação artística" de fayga ostrower (*19/09/1920+13/09/2000)-, editora campus
http://www.campus.com.br/ , já na sexta edição. a primeira edição é de 1990.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

diário
"na relação homem e mulher a amizade é o caminho do meio".
desenho guache sobre papel felizardo (rgsul), 6 de dezembro de 1988

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

diário:
vou contar uma das experiências mais maravilhosas da exposição, (e da vida). veio uma moça cega chamada Daniele da Rocha, irmã de uma pessoa muito querida, chamada Fátima da Rocha. propus a Fátima fazer uma visita guiada com a Daniela e ela ficou felicíssima. comecei descrevendo com palavras diante de cada pintura e num dado momento peguei a mão direita dela e, encostando no quadro decifrava o assunto, a cor, a textura. de repente imaginei que ela poderia ser canhota e perguntei:
você é destra ou canhota?
sabe o que ela me respondeu, colocando a outra mão no quadro?
"eu enxergo com as duas mãos."
aprendi que a lição de vida dessa vida as vezes vem de uma pessoa que ninguém olha, apesar de poder ver.
desenho de 5 de dezembro de 1986, 138x97mm, lapis cera e caran d'ache sobre papel canson brasileiro marfim.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

primas da sophia




série luz

usando o lápis como pincel
27 de outubro de 2007, quinto desenho, 18,37 as 19,07 hs
27 de outubro de 2007, sexto entre 19,18 e 19,59 hs.

27 de doutubro de 2007, sétimo, entre 20,58 e 21,48hs

domingo 28 de outubro de 2007 primeiro entre 9,41 e 10,40hs
diário
hoje é um dia para exercitar a paciência, a impermanência, a aceitação do abandono. não sei se vou sair amanhã do hospital conforme está programado e por isso tenho que aceitar o que acontecer, voltar para dentro de mim e fazer o que tenho que fazer: desenhar.

28 de outubro de 2007, segundo entre 10,58 e 12,20 hs

28 de outubro de 2007, terceiro.

28 de outubro de 2007, quarto desenho, entre 14,36 e 15,49 hs.
lápis faber castells brasileiros sobre papel canson 200 g/m2.
formato 297 x 210 mm.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

fan...tas...mas.




fan...tas...mas
como escrevi muito ontem, hoje vou só descrever. quase todos foram feitos no dia 11 de novembro de 2007 com excessão do terceiro, feito no dia 2. usei lápis faber castells feitos no brasil. apesar de ser o mais fantasma de todos é o mais alegre. cada desenho original mede 15x21cm.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

começando a mostrar a exposição

da esquerda para a direita:
casal: a neguinha e o negão
casal: soma e som
amigos: arabinhos
casal: capéu côco (o da direita já foi comprado pela minha amiga vivi, o da esquerda foi reservado e está comigo guardado)

outubro de 2007.
formato de cada desenho 15x21cm feitos com lápis caran d'ache suiço sobre papel canson nacional de ph neutro 200g/m2 :
a abertura da exposição foi muito boa. tive a chance de explicar para cerca de 200 pessoas presentes, sentadas numa platéia o que transcrevo aqui para você, que não pode vir ou deseja guardar o texto.
" é muito difícil falar do nosso próprio trabalho. nós, artistas somos invadidos por elogios, e se não tomarmos muito cuidado nosso ego transborda e acabamos caindo na 'arrogância'. estou sempre atento para tentar evitar isso. nem sempre consigo.
muito recentemente a minha vida tem se transformado e a minha missão na arte tomou uma dimensão que jamais poderia imaginar. não deve ser sem razão que a abertura dessa exposição (está programada desde abril) só abriu no sábado, 8 de dezembro, dia em que duas "deidades" deixaram essa vida: tom jobim e john lennon, dois artistas que compreenderam a sua missão.
meu trabalho é expressionista, intuitivo. há anos que observo cuidadosamente os rostos que estão diante dos meus olhos e quando desenho deixo o meu coração comandar as minhas mãos. não uso o cérebro.
utilizo os pincéis e os lápis de maneira idêntica, quase sempre superpondo cores. o resultado é a "alma" de alguma pessoa que convive comigo a qual a obra é destinada. isso quer dizer que se eu estive uma vez na vida na sua frente é provável que você esteja em um dos meus desenhos ou mesmo numa pintura abstrata.
cada pintura ou desenho que faço está destinado a uma pessoa e é ela que se identifica através não apenas do aspecto fisico, mas das cores, dos traços, enfim de uma sensação que só mesmo essa pessoa pode definir e me informar.
Gostaria muito que todos esse enorme número de amigos que tenho, tivessem um desenho ou uma pintura em sua casa, porque todo o meu trabalho, dos pequenos aos grandes, foram feitos com o objetivo de dar felicidade a quem estiver na frente dele. e isso reverbera dentro da sua casa, para as pessoas que moram com você, seus amigos, visitas e todos os seus antepassados e descendentes. tudo é feito com material de alta qualidade que, se bem tratado, deve durar muito mais do que nossas próprias vidas.
os desenhos acima são pequenos e quem desejar adquirir é só me enviar um e-mail e dizer quanto deseja pagar por ele. isso é livre."
muito obrigado e um abraço profundamente carinhoso.

sábado, 8 de dezembro de 2007

13 de agosto de 2000, segundo
vamos mudar um pouquinho e mostrar um pouco de abstração. lápis pitt soft e guache vermelho sobre papel fabriano, maravilhoso esse papel fabriano que foi fundado há 7 séculos. palheta significa que usei o papel para misturar as tintas e o que sobrou. esses vazios que são na verdade silêncios hoje me encantam mais do que quando os fiz. aliás isso sempre acontece. gosto muito dessa espécie de mancha grená (do guache talens) e do lápis negro que dá um negro completo.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

27 de junho de 1992, caderno 8, páginas 5 e 6
evidentemente que trato aí de vários auto-retratos inconcientes. na época que os fiz não tinha essa clareza, mas hoje pareciam personagens múltiplos do que achava sobre mim mesmo. realmente o meu ego era muito grande, o que se modifica muito hoje onde consigo olhar para os outros, pensar nos outros, muitas vezes antes de pensar em mim. mas é um crescimento artístico, já que a obra do artista é sempre superior a sua pessoa em todos os níveis.
7e8dejulho de 1992, caderno 8 páginas 19 e 20
é uma forma de escrever sobre a pintura (no caso desenho, já que é guache sobre papel), mas trata-se de uma descrição tão complexa e inconsciente como o próprio desenho. é como se eu não tivesse ainda a clareza do que queria me expressar no desenho e procurava as palavras para eu mesmo poder entender.
até hoje, volta e meia, eu coloco nomes no personagem, que me vem no momento do final do desenho ou que outra pessoa identifica. mas é um exercício essencialmente de cores.
é uma forma
6 de julho de 1992, caderno "oito".
guache talens holandês sobre papel canson francês com pincel grumbacher
cortava os papéis e construia pequenos cadernos onde ia desenhando de um lado e do outro. nesse caso é a capa e a página seguinte, mas existem exemplos em que há uma expressividade poética ao lado do desenho, como você vai ver a seguir.


diário
sobre a questão " lindíssima "
gisele bundchen é lindíssima, e isso é uma realidade.
mas não é apenas sobre essa beleza que se estrutura o meu olhar.
é claro que o corpo é muito importante, mas cada um de nós tem o corpo que tem e o fundamental é aceitá-lo, se aceitar, se amar.
quando a gente aceita a realidade da nossa vida como ela é, podemos, com toda a modéstia do mundo, nos considerarmos lindíssimos. só dessa maneira é que as pessoas que realmente nos amam vão achar o mesmo.
desenho de 28 de agosto de 2008, a alma do aristeo. lápis caran d'ache suiço sobre papel canson feito no brasil.
aristeo é o meu pai (1920-1977).

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

sophia não é uma pessoa, é uma pintura, essa mesma que está aí do lado. mas convenhamos: ela é linda.
se você estiver por perto venha ver as primas dela em desenhos, a corte do principe e da princesa arabes, as pinturas abstratas expressionistas que venho fazendo há anos, enfim venha beber um pouco dessa sensação maravilhosa da vida que é desenhar e pintar e que eu posso oferecer para você.
caso você não esteja tão perto ou esteja compromissado nesse dia, acompanhe aqui no blog que vou tentar mostrar para você não exatamente a exposição completa, mas um bom pedaço dela.
nós artistas, fazemos obras para as outras pessoas e a cada momento uma pessoa se identifica com alguma obra que fizemos. dessa forma você poderá ter na sua casa uma obra minha que dê prazer para você e para todos os que vivem na mesma casa, as pessoas que os visitam e que vai ficar de legado para todos os seus descendentes se alegrarem.
a exposição fica até final de janeiro.
muito carinho para você e obrigado por estar visitando as minhas obras.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

diário
até ontem eu desenhava, pintava, fotografava, pensando em expor, na angústia de vender e recuperar a minha vida material. mas havia o interesse na fama, na riqueza, na ostentação. hoje penso em Van Gogh e vejo o quanto é importante pintar sem parar (claro sem enlouquecer), de forma constante sem parar pois só assim evoluimos. E também devemos nos preocupar em produzir para a humanidade ou, pelo menos, para o maior número de pessoas pessível. temos talento para realizar obras monumentais e pequenas e nossa missão é produzir para benefício de todos, alegria e felicidade das pessoas que entram em contato com a arte, uma forma de iluminação. o desenho é de 12 de setembro de 2007, lápis caran d'ache sobre papel canson nacional. agora um pequeno trecho da fayga ostrower: " ...o vermelho, laranja e amarelo que são consideradas cores quentes pelas associações expontâneas que fazemos com o calor e o fogo. elas estendem as conotações de aconchego, proximidade, terra, peso e densidade. em contrapartida as escalas de azul e de certos verdes, que tendem ao azul (turqueza), são consideradas cores frias, conotando, por sua vez, céu, água, gelo, distância, leveza e transparência".(página 15 de a sensibilidade do intelecto, editora campus).


segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

1 de dezembro de 2007 estudo de cores
as três cores primárias e puras são o amarelo, o vermelho e o azul.
quando misturamos o amarelo com o vermelho temos o laranja, o amarelo com o azul temos o verde e o azul com o vermelho temos o púrpura, que são as três cores secundárias.
quando misturamos o amarelo com o laranja temos o laranja amarelado e quando misturamos o laranja com o vermelho temos o laranja avermelhado.]
quando misturamos o verde com o amarelo temos o verde amarelado e quando misturamos o verde com o azul temos o verde azulado.
quando misturamos o azul com o púrpura temos o púrpura azulado e quando misturamos o púrpura com o vermelho temos um púrpura avermelhado. essas são as cores terciárias.
apenas com esses três lápis podemos portanto compor doze cores sutilmente diferentes, basta sobrepor uma cor sobre a outra ou mesmo várias cores.
as cores é o que interessa aos pintores expressionistas, a força que elas podem ter como emoção.

a força do púrpura
a cor púrpura (roxo, violeta que é a mistura de vermelho e azul) é que envolve o personagem de expressão segura. o percoço e o cabelo ralo. os laranjas do fundo que se afastam, colocam essa expressividade mais flagrante. os olhos verdes médio dão paz mais pela expressão. a boca grená dá força e os tons da pele equilibram essa firmeza de caráter com uma suavidade pictórica, expressiva.
17 de abril de 2003 segundo, lápis caran d'ache suiço sobre papel arches francês.
luz de vela
esse foi o décimo desenho do dia. quanto mais desenhamos melhor desenhamos e sentimos mais vontade de desenhar. aqui a maioria é sugerida para você completar. o cabelo, a orelha, os olhos e o fundo se confundem como que propositalmente com a expressividade agradável dessa moça, talvez com 30 anos, de bem com a vida. do nariz para a testa surgem fagulhas de luz de vela que me iluminava nesse momento. o papel canson frances que eu estava usando acabou e eu usei a capa, que também é de ph neutro (sem ácido que não mofa). 25 de maio de 2003, lápis prismalo caran d'ache.
vermelho como base.
olhos pequenos, verdes e doces, olhar tranqüilo. Testa cinza clarinho quase branco que vai escurecendo levemente para o nariz, dando um tom que acalma como os olhos que também tem o fundo do olho cinza clarinho.
o pescoço vermelho é a base da estrutura do rosto e do desenho que é equilibrado com a mesma cor em cima e no fundo, a esquerda e a direita, a boca.
os laranjas e os amarelos se equilibram dos lados esquerdo e direito do rosto sugerindo cabelos. o marrom dá apenas o ar de sua graça.
lápis prismalo caran d'ache sobre papel canson frances. 20 de março de 2003 terceiro desenho feito nesse dia.